Famos falar sobre emigrar?
- abvictoriacoaching
- 24 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Já muito foi dito, declamado, cantado até.
São conhecidos os motivos pelos quais se parte do nosso querido país: divórcios, política, falta de futuro, deslumbre, rebeldia, necessidade, vários.
O que fica muitas vezes por dizer é um outro lado.
Que no momento em que partimos, entramos num deslumbre que nos leva até ao entorpecimento. Não achem que esse deslumbre é ganância. Não é. É deveras necessário, para justificarmos as saudades que temos, para dizermos a nós próprios que estamos bem melhor lá do que no calor do nosso país, com as nossas pessoas, para conseguirmos ver a beleza de um qualquer outro país de acolhimento em detrimento dos cenários que nos são familiares, os cheiros que nos confortam. Quando emigramos, precisamos e construímos defesas de forma inconsciente.
Passam semanas, meses. E em algum ponto começamos a ver que aquele país afinal nos acolheu tão bem, e nem somos de lá! São mesmo acolhedores, nada comparado com o nosso Portugal, mas serve bastante bem. Em algum ponto conseguimos alcançar uma meta qualquer que jamais teríamos conseguido em Portugal, no estado em que aquilo está! E é aí que o deslumbre vai solidificando cada vez mais. Passam mais uns meses, até já fizemos uns amigos, conseguimos o nosso espaço, em Portugal jamais conseguiria isto em tão pouco tempo. Viajo muito mais agora que trabalho e vivo fora de Portugal, aquilo é um atraso de vida! Mas vou lá para o Natal, já tenho saudades da comida da minha família, do café da esquina, de alguns amigos, vou lá sim!
E não, não vou pelo caminho da explicação que o país de origem apresenta tantos desafios como o de acolhimento, podem ser diferentes, mas também os há. Mas vale a pena!! Cada minuto vale a pena, cada lágrima, cada erro, cada vitória, cada aprendizagem, cada viagem, cada despedida, cada regresso! Vou antes pelo caminho de tentar que se veja que ao ir, envergamos um avatar de novidade, de esperança, de resiliência, de força. E está tudo bem, é essa persona que nos ajuda a enfrentar tanto. O problema está no facto de não percebermos que essa força, essa resiliência, essa esperança não é o que nós somos, é aquilo que vestimos para aquela ocasião, dure esta 6 meses, um ano, uma década, ou uma vida. E por isso já ouvimos o tal comentário: os portugueses vão para o estrangeiro fazer o que não fazem cá. E fazemos! Porque aquela persona nos faz ter orgulho disso. E é um orgulho! Só não é consciente. E é aí que espero que comece o nosso caminho.
Está tudo bem se fomos companheiros do tal avatar durante anos, tantos que até começamos a acreditar que sim aquilo somos realmente nós, somos bons a fazer aquilo, está tudo bem.
E de vez em quando, sobretudo nas férias, vem nos á memória o sonho do que gostar

íamos de ter sido se a vida em Portugal tivesse sido melhor. Se calhar era curador de um museu, ai aquilo é que gostava… olha mas não deu, a verdade é que se fosse curador se calhar não tinha trabalho e aqui vivo confortavelmente. Se calhar podia ter sido farmacêutica, o que eu gosto daquilo, mas a saúde e os ordenados em Portugal estão uma vergonha, aqui pelo menos viajo mais vezes. É um sem fim de dormências que temos, que preferimos negar.
Eventualmente decidimos regressar ao nosso país e eu, Ana, acredito que aqui seja o momento em que se te descobrires a ti mesmo, se trabalhares o porquê de teres ido embora, se encarares o que é realmente o teu maior talento natural, vais compensar tudo aquilo por que passaste. Pois tens aqui e agora, antes de terminares o teu ciclo aí, a oportunidade de voltar em grande, satisfeito, lúcido e deixar o deslumbre e o avatar lá.
Acredito, que juntos, vamos descobrir a tua missão, aquilo em que és realmente fenomenal a fazer (ainda que nem tu o saibas por enquanto) e os próximos anos, as próximas aprendizagens, o próximo caminho serão já naquilo que te dá prazer e orgulho, e será de satisfação.
Vamos juntos apostar no teu recomeço? Vamos juntos, a fundo, de mãos dadas!
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